terça-feira, 9 de setembro de 2014

Mais corpo








A Carne é CrápulaA carne é crápula 
sob o olho cego 
do desejo. 

A carne é trôpega 
se fala sob o pêlo 
de outro desejo alheio. 

A carne é trêmula 
e fracta. 
Crina de nervos, 
veneno de víbora, 
a carne é égua 
sob o cabresto 
de seus incestos 
sem freios. 

Fálica e côncava, 
intrépida e férvida, 
a carne é estrábica 
nos entreveros 
do sexo 
com seus desacertos 
conexos. 

Sob o olho 
sem mácula e cego, 
a carne é crápula 
nos arpejos 
indefesos 
de seus perversos 
desejos. 

Mário Chamie, in 'Antologia Poética'

2 comentários:

Meus amigos e amigas sejam sempre bem vindos, eu agradeço aos gentis e inteligentes comentários no meu humilde espaço de reflexão, expressão e comunicação. Espero o seu retorno. Um forte abraço.

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