Tira-me
o pão, se quiseres,
tira-me
o ar, mas não
me tires
o teu riso.
Não me
tires a rosa,
a lança
que desfolhas,
a água
que de súbito
brota da
tua alegria,
a
repentina onda
de prata
que em ti nasce.
A minha
luta é dura e regresso
com os
olhos cansados
às vezes
por ver
que a
terra não muda,
mas ao
entrar teu riso
sobe ao
céu a procurar-me
e
abre-me todas
as
portas da vida.
Meu
amor, nos momentos
mais
escuros solta
o teu
riso e se de súbito
vires
que o meu sangue mancha
as
pedras da rua,
ri,
porque o teu riso
será
para as minhas mãos
como uma
espada fresca.
À beira
do mar, no outono,
teu riso
deve erguer
sua
cascata de espuma,
e na
primavera, amor,
quero
teu riso como
a flor
que esperava,
a flor
azul, a rosa
da minha
pátria sonora.
Ri-te da
noite,
do dia,
da lua,
ri-te
das ruas
tortas
da ilha,
ri-te
deste grosseiro
rapaz
que te ama,
mas
quando abro
os olhos
e os fecho,
quando
meus passos vão,
quando
voltam meus passos,
nega-me
o pão, o ar,
a luz, a
primavera,
mas
nunca o teu riso,
porque
então morreria.
Pablo Neruda
É brasa, é fogueira acesa, é vermelhidão os versos de Neruda.
ResponderExcluirBeijo, querido Carlos.
É brasa que incendeia nossos corações.
ExcluirBom dia,Caruso!Os versos do Neruda são extraordinários.
ResponderExcluirainda estou lendo 100 sonetos de amor.
Beijosss
É o gênio imortal da poesia mundial.
ExcluirAi ai ai... Neruda me encata. beijinhos.
ResponderExcluirA mim também encanta, muito bom.
ExcluirNão sou muito fã de Neruda, porém essa poesia nos toca onde nos é importante: perder nossa alegria é sinal de nossa derrota. Abçs.
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