Meu corpo não é meu corpo,
é ilusão de outro ser.
Sabe a arte de esconder-me
e é de tal modo sagaz
que a mim de mim ele oculta
Meu corpo, não meu agente,
meu envelope selado,
meu revólver de assustar,
tornou-se meu carcereiro,
me sabe mais que me sei.
Meu corpo apaga a lembrança
que eu tinha de minha mente,
Inocula-me seus patos,
me ataca, fere e condena
por crimes não cometidos.
O seu ardil mais diabólico
está em fazer-se doente.
Joga-me o peso dos males
que ele tece a cada instante
e me passa em revulsão.
Meu corpo inventou a dor
a fim de torná-la interna,
integrante do meu Id,
ofuscadora da luz
que aí tentava espalhar-se.
Outras vezes se diverte
sem que eu saiba ou que deseje,
e nesse prazer maligno,
que suas células impregna,
do meu mutismo escarnece.
Meu corpo ordena que eu saia
em busca do que não quero,
e me nega, ao se afirmar
como senhor do meu Eu
convertido em cão servil.
Meu prazer mais refinado
não sou eu quem vai senti-lo.
É ele, por mim, rapace,
e dá mastigados restos
à minha fome absoluta.
Se tento dele afastar-me,
por abstração ignorá-lo,
volto a mim, com todo o peso
de sua carne poluída,
seu tédio, seu desconforto.
Quero romper com meu corpo,
quero enfrentá-lo, acusá-lo,
por abolir minha essência,
mas ele sequer me escuta
saio a bailar com meu corpo.
(Carlos Drummond de Andrade)
C@UROSA
Poesia bonita, pois nos ensina que somos mais que um corpo...
ResponderExcluirFique com Deus, menino Carlos Rosa.
Um abraço.
Drumond será sempre "O cara"...este poema emana grande sabedoria.
ResponderExcluirUm beijo.
Boa noite meu querido.
ResponderExcluirO corpo muitas vezes responde aos nossos instintos numa beleza inconfudivel.
Pode daqui uns tempos uma matéria insignificante se tornar,mas é o mais belo interprete das vontades de nossa alma.
Uma linda noite meu querido.
beijokas.
Olá Carlos, obrigada pela visita e elogios. Também gostei muit odo seu espaço e com certeza voltarei mais vezes.
ResponderExcluirÓtima escolha... Drummond Drummond Drummond, eterno Drummond
Grande Drumond....muito bom de se ler sempre....penso que o nosso corpo é o templo de tudo....abraços amigo e um belo final de semana pra ti e toda familia.
ResponderExcluirCaurosa, adorei!! Adoro Drummond, mas esse não conhecia. Bom final de semana. Bjs
ResponderExcluirSensual!
ResponderExcluiradoro drummond...
ResponderExcluiradoro o livro onde está este poema....
adoooro^^
bjbj
Gosto sempre das suas escolhas..E todas as suas postagens, amigo. Sempre com algo a acrescentar através da leitura. Obrigada.
ResponderExcluirBom fim de semana! Beijos.
Singelo, mas muito belo. Neruda também do post anterior. Como Caurosa?? Mudei de blog e espero que visite meu novo. Abraço
ResponderExcluirOi Carlos,
ResponderExcluirvc apelou, hem? Bandeira, Neruda e Drummond na sequência?! Abalou!!! Grande abraço, grato por nos proporcionar os grandes poetas.
Adh
Te respondendo (ou tentando, desculpa se parecer meio grosso)...
ResponderExcluirMas o problemas C@urosa não estamos comentando o lucro da exploração de petróleo, e sim o prejuizo que dá exploração do Petróleo (isto que se trata o royalties, a compensação econômica destes prejuizos).
Este que é o problema, o pessoal pensa que se as regiões produtoras vão aguentar a produzir sem a devida manuntenção na suas escolas, sistemas de saude, de coleta de lixo, estradas e etc; simplesmente não vai ter produção nenhuma?!
Pois as empresas precisam destes recurso do governo funcionando perfeitamente.
Ou pior, o petróleo brasileiro perde competividade e por conta dos custos adicionais para tentar manter a infra estrutura vai ficar mais caro, ai quero ver quem não vai reclamar com o preço da gasolina custando o dobro, ou mais, do preço atual...
Entendeu a zona que estão querendo fazer?
Fique com Deus, amigo C@urosa.
Um abraço.
Vim te deixar o meu "BOM DIA"
ResponderExcluirBeijos meu querido.