domingo, 19 de junho de 2011

O POETA E A BUNDA


"A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo.
A bunda basta-se.
Existe algo mais?
Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio.
Anda por sina cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se.
Montanhas avolumam-se, descem.
Ondas batendo numa praia infinita.

Lá vai sorrindo a bunda.
Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda
redunda."


Carlos Drummond de Andrade









9 comentários:

  1. Meu querido amigo!
    O Grande e "erótico" Drummond! Diz também...
    A Doce Bunda

    No corpo feminino, esse retiro
    — a doce bunda — é ainda o que prefiro.
    A ela, meu mais íntimo suspiro,
    pois tanto mais a apalpo quanto a miro.

    Que tanto mais a quero, se me firo
    em unhas protestantes, e respiro
    a brisa dos planetas, no seu giro
    lento, violento... Então, se ponho e tiro

    a mão em concha — a mão, sábio papiro,
    iluminando o gozo, qual lampiro,
    ou se, dessedentado, já me estiro,

    me penso, me restauro, me confiro,
    o sentimento da morte eis que o adquiro:
    de rola, a bunda torna-se vampiro.


    Porém...
    Cá entre nós:
    Eu prefiro a doce bunda, no corpo masculino.

    ResponderExcluir
  2. Oi,Carlos!Não conhecia esse poema do Carlos Drummond,pois é gostei dessa definição dele que a bunda são duas luas gêmeas.
    Cuide-se!
    E um ótimo começo de semana!
    Beijosss

    ResponderExcluir
  3. ....a foto...não quer dizer que Brasil está
    no fundo....quer dizer...tá lá ...mas não tá....
    ....há...entendeu....Boa
    Abraço

    ResponderExcluir
  4. As duas imagens estão ótimas, e a segunda o fotógrafo pegou um momento interessante.

    Não conhecia este poema.

    abraço

    ResponderExcluir
  5. Olá amigo, embora não conhecesse o poema e que gostei, adorei as imagens. É caso para dizer que não há bunda que aguente. Beijos com carinho

    ResponderExcluir
  6. Coincidentemente um amigo postou esse poema também, acho que sexta feira.

    Estão poeticamente ouriçados esses meninos, heim?

    Boa semana, Carlos.
    Beijo!!

    ResponderExcluir
  7. Olá, Caurosa!
    ele é sempre genial, até quando fala de bundas!kkkk
    Abçs!
    Rike.

    ResponderExcluir
  8. Gosto demais desse Drummond irreverente...
    E a foto que você postou é a metáfora das metáforas. Genial.

    Beijocas.

    ResponderExcluir
  9. Caro amigo Carlos Rosa

    No Brasil a bunda abunda,
    há bunda,mas tanta bunda,
    que nos abundaciamos
    mas nunca a pomos de banda.

    Abração e parabéns pela lembrança do nosso abundante Drummond.

    Um abraço.

    ResponderExcluir

Meus amigos e amigas sejam sempre bem vindos, eu agradeço aos gentis e inteligentes comentários no meu humilde espaço de reflexão, expressão e comunicação. Espero o seu retorno. Um forte abraço.

  Um dia ameno de outono, um dia de frescor, sinal de paz, um dia para comemorar a vida, um dia para levantar as mãos para o céu, um dia par...